O ateu
Lera a bíblia inúmeras vezes.
Fez anotações, comparações.
Via a contradição nas cruzes,
as convenções e ódio atrozes.
O projeto da criação era falho;
não era obra de um onisciente.
Era lenda, um mero enxovalho;
leitura irrefletida, tão displicente.
E a lenda cristã era envolvente.
Restituía a vingança no crente;
desacreditar era ser incoerente.
As maldades eram o testemunho
de um deus que perdera o punho;
de uma crença em um rascunho.