Nu
Com trajes que fazem o corpo belo
adorno na silhueta prosaica,
posando-me ao vácuo tão etéreo
sinto a nudeza d'alma que desmaia.
No chão, o nada acalenta este meu ego,
arrasta-se o desespero da laia:
narcisismo nas marcas de esmero,
dor nestas cicatrizes que entalha.
Surgimos pelados por natureza,
sem roupagens e estéticas tão vis,
a distinção no tempo que vivera
dizia-se sobre Deus e o amor feliz;
roupas de essência fúlgida e harmônica,
hoje a roupa correta é a errônea.