RESSURREIÇÃO
Os olhos castanhos no céu celeste
Fitam ao longe uma pequena nuvem
Que se junta a outras duas que surgem
No horizonte cinzento do agreste.
Um vento levanta a poeira do chão
E o redemoinho brinca no quintal
O frio que dói o osso é o sinal
De que a chuva visitará o sertão.
As gotas cristalinas sobre o rosto
Substituem a lágrima que secara
Por vinte e quatro meses de desgostos
Na garganta seca, um uivado para,
E a aridez que a vida lhe tinha posto
Esvaiu-se ao contato da chuva n'alma.