RESSURREIÇÃO

Os olhos castanhos no céu celeste

Fitam ao longe uma pequena nuvem

Que se junta a outras duas que surgem

No horizonte cinzento do agreste.

Um vento levanta a poeira do chão

E o redemoinho brinca no quintal

O frio que dói o osso é o sinal

De que a chuva visitará o sertão.

As gotas cristalinas sobre o rosto

Substituem a lágrima que secara

Por vinte e quatro meses de desgostos

Na garganta seca, um uivado para,

E a aridez que a vida lhe tinha posto

Esvaiu-se ao contato da chuva n'alma.

Saulo Palemor
Enviado por Saulo Palemor em 28/12/2023
Código do texto: T7963667
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