Livrai-nos do mal
A mão que acaricia não é a que me alcança
e não tenho esperança de que isso ocorra,
mais certa é minha fé de que um dia eu morra
e o meu morrer decorra sem deixar lembrança.
Nasci sozinho e só hei de retornar ao ventre
de um monte ignorado de terra comprada.
Passados alguns anos, não haverá nada
além de nova cova a pedir que outro entre.
E o triste disso tudo é que vivo com tédio
e sei que ainda pior será no cemitério,
quando a paz mais abissal for afinal concreta.
Deus, manda-me um sinal de que meu sacrilégio
maior na vida fora fugir ao colégio
e livra do inferno a alma do poeta!