A PESCARIA
De sua esperteza, não que eu me queixe.
Da forma como chega e belisca,
Como me incita e faz que eu não desista,
E fique, e insista e não o deixe.
De varas, mesmo que eu trouxesse um feixe,
Ele se atreve, chega e petisca.
Ciente do perigo mas arrisca,
Eita! Bicho corajoso é o peixe.
É só silêncio na beira do rio,
Co’a vara na mão ninguém solta um pio.
O sol já se vai, o dia se escoa.
Volto pra casa de mãos abanando,
E ainda ouvi a esposa falando:
Para o peixe a pescaria foi boa!
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Agradecendo ao poeta Solano Brum pela informação da existência deste belo poema do grande Patativa do Assaré.
O peixe
Tendo por berço o lago cristalino,
Folga o peixe, a nadar todo inocente,
Medo ou receio do porvir não sente,
Pois vive incauto do fatal destino.
Se na ponta de um fio longo e fino
A isca avista, ferra-a inconsciente,
Ficando o pobre peixe de repente,
Preso ao anzol do pescador ladino.
O camponês, também, do nosso Estado,
Ante a campanha eleitoral, coitado!
Daquele peixe tem a mesma sorte.
Antes do pleito, festa, riso e gosto,
Depois do pleito, imposto é mais imposto.
Pobre matuto do sertão do Norte!
PATATIVA DO ASSARÈ.
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A PESCARIA
Erasmo Carlos
Domingo lindo,
Tarde de sol, pego o anzol,
Ligo a lancha, vou navegando,
Para o farol,
Mal eu chego,
Vejo e sossego, o mar nem pisca,
Estufo o peito,
Faço pose, jogo a isca.
Mas os peixes não querem cooperar,
Se eu não pescar nenhum,
Com que cara vou ficar,
Vou depressa,
E compro peixe no mercado,
E enquanto o sol no céu, vai sumindo,
Eu volto sorrindo,
E mal um broto me vê passar,
Ouço sempre ela falar,
Se ele é bom pescador,
Serve pra ser meu amor.