O poeta
Vive, o poeta, no alto das alturas.
Seu beijo tem o fogo e tem o gelo.
Maior dos homens? Não quisera sê-lo,
mas traz em si o elã das almas puras.
Tem os portais e os átrios das loucuras,
seus versos cantam sonho e pesadelo.
As dores, se persistem em tangê-lo,
fazem-se em asas rijas, fortes, duras.
Tem sedes mil e fomes a fartar,
tem febre nas manhãs de cada dia,
e voa além do pêndulo infinito.
Tem carne e sangue, risos e pesar,
tem sol e mares, cores de ardentia,
tem, num poema, cânticos e um grito!
De Jacó Filho:
O POETA
Não escrever certo em linha torta,
Mas seu coração finge ser um sábio...
A sua arte nem sempre abre portas,
Se na beleza não faz um estágio...
Às vezes parece louco,
E o que ganha é pouco,
Pois faz muito sem ter volta...
Enfrentando um calvário,
Não escrever certo em linha torta,
Mas seu coração finge ser um sábio...