Asas
Beija-me, amor, e acorda a madrugada!
Já nasce o sol nos longes de onde vim!
O ensejo que dormita em teu jardim
guardou consigo a noite enluarada.
Beija-me, amor, e não declares nada!
Apenas desce os olhos sobre mim.
Sou alma em flor, um cândido jasmim
na pálpebra da noite amargurada.
Sou lágrimas e sóis em tua noite
e sou, do teu anseio, o audaz pernoite,
a minha boca guarda o teu desejo.
Somos as asas de uma poesia,
eu sou a luz em tua sombra fria,
tu és a sombra em meu ardor andejo!