TRILHA DE SONETOS CXXV- DIÁLOGO COM GERALDO VANDRÉ

*PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES*

Caminhando e cantando

E seguindo a canção

Somos todos iguais

Braços dados ou não

Nas escolas, nas ruas

Campos, construções

Caminhando e cantando

E seguindo a canção

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer

Pelos campos há fome

Em grandes plantações

Pelas ruas, marchando

Indecisos cordões

Ainda fazem da flor

Seu mais forte refrão

E acreditam nas flores

Vencendo o canhão

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer

Há soldados armados

Amados ou não

Quase todos perdidos

De armas na mão

Nos quartéis lhes ensinam

Uma antiga lição

De morrer pela pátria

E viver sem razão

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer

Nas escolas, nas ruas

Campos, construções

Somos todos soldados

Armados ou não

Caminhando e cantando

E seguindo a canção

Somos todos iguais

Braços dados ou não

Os amores na mente

As flores no chão

A certeza na frente

A história na mão

Caminhando e cantando

E seguindo a canção

Aprendendo e ensinando

Uma nova lição

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer

Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Compositores: Geraldo Pedrosa De Araújo Dias

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*PÁGINAS*

No dia a dia, páginas de luta

Preenchem meu diário do destino,

No qual caminho em passos de menino,

No qual lapido a minha força bruta.

No dia a dia, a célebre permuta

Ensina-me a ganhar sabor divino,

Perdendo o sal do corpo peregrino

Enquanto venço a fala pela escuta.

O eterno aprendizado nesta escola

É como um sol sem trégua que consola

Feito uma luz num lindo entardecer...

A imagem da esperança, tão presente,

Induz-me a fé num sonho permanente

Sem esperar o acaso feito um Ser!

Ricardo Camacho

*VOZ DA RESISTÊNCIA*

Ao som de uma tristonha melodia,

Vandré tornou-se a voz da resistência,

Pedindo, ao povo inteiro, mais urgência

Na luta contra aquela covardia.

Ouvindo-a, sinto certa nostalgia,

Lembrando de um passado com dolência,

Das mortes e de toda a consequência

Que teve a repressão e a distopia.

Visando o bem do campo e da cidade,

Vandré chamou o povo de soldado

Num tempo tão cruel, tirano e vil...

E por querer a paz e a liberdade,

Herdou também a dor de um censurado,

Causando o próprio exílio do Brasil.

Guilherme de Freitas

*SEM ESPERAR*

De fato, quem possui sabedoria,

Faz de um momento o instante duradouro,

Avança em direção ao seu tesouro,

Livre, sem ser refém da revelia.

Transforma a escuridão da noite em dia

Com uma luz autônoma - aura de ouro -

Sem contemplar um velho ancoradouro

Sob holofotes gris da rebeldia.

Quem sabe, faz do solo a flórea estrada,

Isento da visão desencantada

Que plasmaria, à frente, um grande abismo.

Quem sabe, emprega força de vontade

Nos atos embasados na verdade,

Após vencer os vícios do atavismo!

Ricardo Camacho

*QUEM SABE FAZ A HORA*

Acreditar que o mal será vencido

Consiste na mudança de atitude...

Permanecer omisso, sem virtude?!

Dispenso as flores e ergo-me atrevido.

Jovens clamando! O brado faz sentido...

Falar de flores quando a juventude

Teima, podada pela ilicitude,

Cantar nas ruas seu refrão querido.

Lembro os sombrios anos que sugaram

O sangue dos irmãos que desfilaram

Cantando a Marselhesa brasileira.

Hoje o terror, ainda, muito assombra...

Mas para obstar, da ditadura, a sombra:

Biso a canção de musa guerrilheira.

José Rodrigues Filho

*MUNIDOS DE FLORES*

Queria a liberdade, além do sonho!

Unido, todo o "extrato social",

marchava para a luta, desleal...

na munição as flores, e o ar tristonho.

De um lado o combatente, assaz medonho,

à toda a massa, propagava o mal,

bramia o seu canhão, sedento, qual

um monstro esfomeado, aqui exponho.

Mas do outro lado o povo, consciente,

seguia, com o coração à frente,

tentando intimidar a ditadura.

Porém a flor que exala a paz, somente,

envolve aquele ser que traz na mente

o amor e se mantém com a alma pura.

Aila Brito

*A FORÇA DA CANÇÃO*

A força da canção conduz o passo

capaz de amenizar a travessia…

no canto, a face lúgubre eu refaço,

aquarelando as cores da harmonia.

A força da canção faz do compasso

a diretriz suprema, à revelia

de todo vil transtorno que ultrapasso,

fazendo da canção a estrela guia…

O canto faz brotar o meu canteiro,

e as flores ganham viço seresteiro,

dançando à voz do vento de verão…

O canto anula a guerra vil que abala,

reverte até a direção da bala,

dissipa as asperezas de um canhão!

Elvira Drummond

*LETRA DE SANGUE*

A pólvora da fúria não prospera,

Liberta-se das portas do gatilho

E um riso dementado no estribilho

Produz um hino fúnebre na esfera.

Mas a risada suja não prospera,

Responde ao surto, apenas, filho a filho,

Numa batalha eterna do andarilho

Que verte lágrimas na primavera.

Abaixo a guerra! Triste um corpo exangue!

Somente a voz na música de sangue

Ecoa no crepúsculo escarlate.

Abaixo a guerra! Salve a letra artística!

O eterno som da melodia mística

Dá vida e mais coragem no combate.

Ricardo Camacho

*O CAMINHO*

Nós somos tão pequenos e tacanhos,

há guerras que se alastram pelo mundo,

matamos para ter poder e ganhos,

porém o tempo esvai-se em um segundo.

Nós somos, realmente, muito estranhos,

não temos feito um mundo mais jocundo,

perdemos matas, rios e rebanhos,

deixamos o planeta moribundo.

Seguimos cada qual uma canção

e não nos vemos todos como iguais,

os braços não são dados no caminho.

As flores espalhadas pelo chão

nos mostram que esperamos por demais,

pois a mudança não se faz sozinho!

Luciano Dídimo

*NÃO ADIANTA DIZER: PAZ E AMOR!*

A luta se apequena na união

de todos, com empenho e agilidade...

Os bravos lutam contra a crueldade

mesmo que seja a flor, a munição.

De braços dados, indecisos, vão

em busca da sonhada liberdade,

De armas nas mãos - as flores e a bondade -

cantando em coro, uníssono, a canção,

Quem sabe faz o instante acontecer,

não cruza os braços vendo anoitecer

os dias, numa luta assaz inglória.

Embora, pelo chão, vagando as flores,

a luta insiste, pelos seus amores,

tentando recriar a nova história.

Aila Brito

*CONFUSAS LIÇÕES*

Aonde vais marchando, incauto infante...

Lesto, induzido a reprimir a gente

Que enfrenta o mal que prende, e mata, e mente,

E desconstrói a mente claudicante?

Não vês que te tornaste um não pensante

Sem força de vontade e obediente...

Usando o teu canhão impunemente,

Mas que a hora de mudar está pulsante?

Da tirania o fim está marcado...

Unidos, caminhando lado a lado,

Cantando da canção o seu refrão.

É fato, no contexto dessa história,

Que aos fortes caberá a eterna glória

De resgatar, do arbítrio, esta Nação.

José Rodrigues Filho

FÓRUM DO SONETO
Enviado por FÓRUM DO SONETO em 25/12/2023
Reeditado em 08/01/2024
Código do texto: T7961355
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