SONETO DE UM JEITO DE AMAR

Nos ventos e mares que agitam o espírito,
navego sereno sem medo da dor;
liberto dos males por versos contidos,
contemplo solene os sonhos que sou.
 
Revendo em tais sonhos distante poesia,
desvio seus raios do longe pro já;
ciente da calma que neles se esconde,
construo sedento um jeito de amar.
 
Em espelho confuso de águas passadas,
encaro-me musa que o íntimo impõe,
formato-me canto que o cio compõe.
 
Imagem profunda de motes maçadas,
sou deusa difusa de frustrada fé,
mancebo vistoso que a dama não quer.