O canto do sabiá
Toda a tarde o sabiá cantou,
Sibilou, sufocou, clamou enlouquecido!
O canto do sabiá havia adoecido.
Tu que, cantastes tão bem em tempos de outrora, cansou.
Tu que, fazias a cabeça dos apaixonados, desatou
Que se deixou abraçar a Dor, calmamente...
Talvez sejas a alma, a alma carente,
De alguém que quis amar e nunca amou.
Toda a noite lamentaste... e eu lamentei
Talvez porque, ao ouvir-te, me lembrei
Que ninguém vive uma tristeza maior que a nossa.
Fala-te tanto a tarde calma,
Que eu pensei que eras tu, a minha alma,
Que cantastes perdido em tua voz!