Entre pezinhos e asinhas
Caiu no chão; porém já nasceu muito leve.
Atreve-se a caminhar; ‘é tanta perninha’.
Perdidinha da silva, o poeta a descreve:
-Deve ser uma lagarta! Mas que gracinha!
Aninha nunca canto; e logo sai. Que forte!
O norte faz; e sobe pelo tronco afora.
Agora é chegar num lugar que a conforte.
Morte? Ainda não. É a transformação; chegou a hora.
Penhora-se no galho. Lá em baixo, a buva.
Chuva e sol a toca; mas o vento, ali mora.
Demora a pupa; e crisálida é a luva.
A saúva passa; o sabiá é xereta,
na vareta, balança a caixa de pandora.
Estoura. E estica as asinhas, a borboleta.
#ordonismo #raqueleie-se