Na caixa

 

Senhor, perdoa-me por questionar

a lógica das coisas diante de mim

mas frente a essa minha guerra sem fim

de pouco compreender e menos verbalizar

 

eu me sinto cada vez mais e mais sem ar,

engolido por algo desconhecido que, no entanto,

aumenta se me calo e expande se eu canto

e não tem dó de me confundir e importunar.

 

Talvez seja a estranheza de estar no mundo

que me rouba muitas cores num só segundo

e empalidece e envelhece esta fotografia

 

que tiro, ao fim do dia e da existência,

sedento de enxergar a própria consciência

sair da caixa em que só eu a percebia.