Fragilidades
A nau que se vergou esmorecida
foi no passado orgulho e majestade.
Da luz que foi a glória da avenida
agora resta intensa escuridade.
Da primavera, a quadra colorida,
sobejam murchas rosas e saudade.
A brisa que afagou a margarida
faz-se em tormenta tal que não se evade.
A nau aderna, passa a primavera,
apaga-se o luzeiro e esvai-se a brisa
nos temporais que os quebram, amiúde.
Não há, então, verdade mais severa,
se agora sou a voz que poetiza,
serei depois silêncio e finitude.