Fragilidades

A nau que se vergou esmorecida

foi no passado orgulho e majestade.

Da luz que foi a glória da avenida

agora resta intensa escuridade.

Da primavera, a quadra colorida,

sobejam murchas rosas e saudade.

A brisa que afagou a margarida

faz-se em tormenta tal que não se evade.

A nau aderna, passa a primavera,

apaga-se o luzeiro e esvai-se a brisa

nos temporais que os quebram, amiúde.

Não há, então, verdade mais severa,

se agora sou a voz que poetiza,

serei depois silêncio e finitude.

Geisa Alves
Enviado por Geisa Alves em 29/11/2023
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