Soneto de uma cobaia
Eu hei de mendigar, amor, teu beijo…
Até que voltes, para mim, a face gaia.
Mostres-me o fervor do teu desejo
E faças, do meu corpo, a tua cobaia...
E ainda que o rubor demonstre o pejo
De ter-me , a teus pés, como em maia
Ao menos, me acalente, neste ensejo
Minha face, circunspecta, descontraia
Acendas, em meus olhos, um lampejo
Antes que acorde e o tédio me distraia
E ponha em minha boca algum bocejo.
Se tendes, de amar-me, algum traquejo
Não deixe que outro encanto me atraia.
Mostre-me a paixão que ainda cortejo.
Adriribeiro/@adri.poesias