EFEITOS DO PODER / EFEITOS DAS MASCOTES / EFEITOS DAS CAÇADAS

EFEITOS DO PODER I – 16 NOV 23

Aicebergues são traiçoeiros, pois parecem

muito menores do que de fato são,

pior ainda, sua oculta projeção

muito mais larga sob a água tecem

e quando os marinheiros isso esquecem

e passam perto demais, sem precaução,

os insubmersíveis expõem-se sem razão

e com frequência para o fundo descem.

Mas de fato, não se trata de armadilha,

essa é apenas do gelo a natureza,

somente a parte superior flutua

e o mesmo ocorre com a maldade, filha

da inveja e da malícia e da vileza,

que te espreitam ao saíres pela rua.

EFEITOS DO PODER II

Também em Brasília há aicebergues a flutuar,

o seu perigo quiçá mesmo mais oculto,

aos inocentes não dão qualquer indulto,

aos criminosos depressa vão soltar!...

Que mais de fato deveria se esperar,

com suas ligações de malicioso vulto?

Enquanto em mim a desconfiança mais avulto,

apenas posso em vão neles votar.

Apesar de minha idade, ainda persisto

em exercer o meu direito e meu dever,

por mais que me afirmem ser tolice,

pois raramente as promessas a que assisto

serão cumpridas por quem ganha o poder

e bem depressa se esquece do que disse!

EFEITOS DO PODER III

Aicebergues, ao que eu saiba, não têm mente,

apenas vogam sem escolha do caminho,

deixam seus campos de gelo sem carinho

e pelo mar são impelidos para a frente;

tampouco o mar é um ser malevolente,

é consequência das correntes seu daninho

efeito sobre um barco mais mesquinho,

nem as correntes decidem, simplesmente,

dependeno em tudo do calor do sol

e toda a força com que impele os ventos,

indiferentes a nós tais elementos,

enquanto a governança é um parassol,

que mente ao povocom deliberação

e nada busca além de sua ambição.

EFEITOS DAS MASCOTES I – 17 NOV 23

Como fantasmas comparecem ao Hallowe’en,

fantasmas brancos com seus longos focinhos,

é bem verdade serem fantasmas pequeninhos,

mas bem dispostos a se mostrar assim;

são cinco cães cinzentos a tal fim,

fantasiados com lençóis, mansos bichinhos,

fatias de abóbora entre seus dentinhos

e só despertam simpatia em mim;

não sei por quanto tempo suportaram,

mas como é fácil que obedeçam cães!

De fato, não mais foi do que um concurso,

Mesmo assim os cinco cãezinhos aceitaram

provavelmente, tendo as donas como mães

e obedeceram com paciência a seu discurso.

EFEITOS DAS MASCOTES II

Já um gato me espia do canto doe seu olho,

espia o meu olho do canto esse gato,

esquivo o seu olhar, mas a ele não me abato,

no canto do olhar meu aplico antolho,

no canto das vistas coloco um ferrolho

e a vista do gato sem dúvida mato;

se olho de frente ao felino ainda cato,

me olhando de esguelha, fitando zarolho;

tirar-me o antolho então eu escolho

e enfrentar esse gato de frente eu escolho,

ele pisca primeiro, com medo de mim

e dá meia-volta, mirando ao redor,

fitando os cantinhos, provando o cheiror,

mostrando-me o rabo e gingando no fim!

EFEITOS DAS MASCOTES III

Existe por perto esse gato vadio,

do qual até gosto e minha filha também,

mas quando minha esposa o avista, porém,

vai logo o espantando com seu corpo esguio;

é todo amarelo esse gato erradio,

nem mancha, nem pinta no corpo não tem,

farejando ração, bem depressa ele vem,

nas tardes mais quentes e nos dias de frio.

Às vezes lhe dou, mas no pátio, um punhado

desses grãos e quadrados que vêm na ração,

se tenho certeza de que não irá ver,

mas quando ele entra na casa, esfaimado,

depressa lhe fecho todo o meu coração,

senão nossos gatos acabará por correr!

EFEITOS DAS CAÇADAS I – 18 novembro 2023

Muitos gatos e também alguns cachorros

têm o costume de trazer para suas mães

o que encontram bichanos e igual esses cães,

como pássaros perdidos sobre os morros;

talvez pensem semelhante aos zorros,

roubando os ricos para aos pobres dar,

por algum tipo de memória secular,

sangue das aves derramando aos jorros;

assim pensam demonstrar sua devoção,

ao repartir com suas mães o alimento,

causa provável para o desapontamento,

quando os cadáveres alijados são,

que deixaram de comer, em seu caminho,

como uma fera a demonstrar carinho.

EFEITOS DAS CAÇADAS II

Tal proceder é mais raro entre os caninos,

sua lealdade demonstram de outras formas,

do chefe da matilha a seguir normas,

enquanto mais independentes são felinos;

não dependem dos tutores seus destinos,

mas saem a caçar nas manhãs mornas,

presas devoram, quais antigas Nornas,

a cortar os fios da vida em talhos finos;

na realidade, demonstram grande devoção,

quando as presas não devoram pelos prados,

ratos sendo naturalmente devorados,

qual se em casa desprovidos de ração,

ou pelo gosto do sangue mais ansiassem

e por qualquer arcano santo os apreciassem.

EFEITOS DAS CAÇADAS III

Talvez nos cães se veja a diferença,

trazendo aves para sua proteção,

quem sabe as cura a senhora do salão

e lhes dê algum petisco em recompensa;

quanto aos gatos, caçadores de nascença,

tal qual uma leoa oferta a seu leão

a melhor parte de quanto caçarão,

de certa forma manifestem igual crença;

ou quem sabe, estando fartos da ração,

com a sede de sangue de um vampiro,

sobem aos galhos onde encontram ninhos,

mas cuja carne mal e mal saborearão

e os tragam na boca após seu giro,

aprovação buscam por matar tais passarinhos!