Falta de assunto
Com a falsa modéstia de poeta,
Que já versificou pra quase tudo,
Até para os sinais do surdo-mudo
Aos pés da plebe rude e da seleta,
Vos digo: minha obra é incompleta,
E jaz empoeirada, inda no prelo,
Por trás do triste drama de Otelo,
O pai da minha rima predileta.
Sem a falsa modéstia, todavia,
Hoje escrevo bem mais que escrevia,
Quanto Carlos Dumont carpiu José.
E agora José? Então pergunto!
O que hei de fazer sem ter assunto?
-Põe um versinho a mais no rodapé.