A Bastilha do Simão Bacamarte
Quando um injusto diz o que é justiça,
O sentido da verdade se afasta.
O injusto observa de sua casta
E acha que vive de forma cediça.
Enebriado por uma catiça,
O louco acha que sua mente basta.
Põe no mundo tanta coisa nefasta
E isso tudo logo vira mundiça.
É como o velho Simão Bacamarte,
“Essa bastilha da razão humana”,
Que via em todo mundo mente insana.
Só não via que ele mesmo era parte
Tendo uma mente louca, tão obscura.
Se tudo é loucura, nada é loucura.
[O alienista cura ou deveria ser curado? Verso “essa bastilha da razão humana” retirado do conto "O Alienista", de Machado de Assis].