A súplica do penitente
(A Stephanie Martins)
“[…] Minh’alma of’reço às provações futuras…
Venha o martírio – mas perdão p’ra ela!
A doce virgem se assemelha às flores…
O vento a quebra no seu verde ninho.
Velai ao menos pelo pobre anjinho,
Pagai-lhe em gozo o que me dais em dores!”
(CASIMIRO DE ABREU)
Sofri – sofro – e hei de sofrer ainda mais,
Pois sei que ainda tenho muito a expiar
Antes que cogites, Senhor Deus, revogar
A maldição que me perturba e ceifa a paz.
Habituei-me àquilo que o Destino traz
E aprendi, tal como Jó, a aturar
A punição que infligistes sem reclamar
Pois mereci-a – e mereço ainda mais.
Mas, se não lhe repugnas minha oração,
Não é por mim que clamo Teu nome, Senhor;
Não é por mim que peço Tua compaixão.
Não, nunca por mim – mas por ela, meu Senhor!
Não peço (ou quero) Tua comiseração;
Só dai-lhe em júbilo o que me dais em dor!