Hão-de lembrar-se de mim

⁠Hão-de lembrar-se de mim quando quiserem ver-me,

e eu, volvidos tantos anos, estiver morto,

hão-de lembrar-se de mim quando não poderem ter-me,

porque a terra já desfez meu pobre corpo!

Hão-de lembrar-se de mim ao verem nos meus versos

amargura, tristeza, dor e solidão

e hão-de sentir como traição dos vossos beijos

um punhal profundo cravado no coração!

Hão-de lembrar-se de mim, acreditem, ao ler-me,

e sei que me lerão, porque já terei valor,

"Rei morto, Rei posto!", todos me terão amor!

Mas se afinal, em vida, ninguém pôde querer-me,

vale a pena dar valor a quem chegou ao fim?!

Quando as lágrimas correrem hão-de lembrar-se de mim.