Saudade entreaberta
Eu sou a vontade de Ser que não se encontra!
Sou o grito de revolta, a saudade entreaberta,
sou a noite, o dia que se levanta
na Sintra que se ergue e me desperta!
Eu sou a manhã de nevoeiro densa e baça!
A tristeza de uma mãe que se lamenta!
Sou no corpo um silêncio que me abraça!
Um pássaro no céu em rota lenta!
E há sonhos nos meus olhos de mãos dadas,
verdades por dizer, estrelas por brilhar!
Há lágrimas no meu rosto em vão cansadas.
Eu sou o verso d'um poeta solitário!
Um nocturno de Chopin que toca sem parar,
frente ao Cristo, no cimo do Calvário ...