O religiota
Sabe-se lá quantos “glória” insere
e quantos “amém” a boca profere.
Cansa a mente ouvi-lo declamar
as bobagens que quer profetizar.
Navega pela “vontade de Deus”
em “aleluias”, “améns” e louvores;
soa rebuscado como os camafeus
já descartados à pilha de horrores.
Julga-se qualificado a vagar no céu:
se agraciado, são as justas bênçãos;
amaldiçoado, esparze seu fétido fel.
Vive à espera da providência divina,
de negociatas que lhe dão acórdãos.
Ter de aturá-lo é um peso, uma sina.