O religiota

Sabe-se lá quantos “glória” insere

e quantos “amém” a boca profere.

Cansa a mente ouvi-lo declamar

as bobagens que quer profetizar.

Navega pela “vontade de Deus”

em “aleluias”, “améns” e louvores;

soa rebuscado como os camafeus

já descartados à pilha de horrores.

Julga-se qualificado a vagar no céu:

se agraciado, são as justas bênçãos;

amaldiçoado, esparze seu fétido fel.

Vive à espera da providência divina,

de negociatas que lhe dão acórdãos.

Ter de aturá-lo é um peso, uma sina.

René Henrique Götz Licht
Enviado por René Henrique Götz Licht em 04/11/2023
Código do texto: T7924214
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