POBRE VERSO

Meu pobre verso nesta quadra triste,

teima em soluços férteis com mágoa,

como a chuva a verter tantas águas,

em saber que nosso amor não mais existe!

Pobre verso, escaldante, frágil frágua

a apontar meu peito, dedo em riste!

E o tempo, palco templo que assiste,

tudo que neste velho peito deságua!

Meu pobre verso solitário, fútil,

sem serventia, às traças, inútil,

querendo fazer parte do soneto!

Vou guardá-lo escondido na gaveta,

quando estiver de lua, de veneta,

o trarei à luz um dia, lhes prometo!

Miguel de Souza
Enviado por Miguel de Souza em 03/11/2023
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