POBRE VERSO
Meu pobre verso nesta quadra triste,
teima em soluços férteis com mágoa,
como a chuva a verter tantas águas,
em saber que nosso amor não mais existe!
Pobre verso, escaldante, frágil frágua
a apontar meu peito, dedo em riste!
E o tempo, palco templo que assiste,
tudo que neste velho peito deságua!
Meu pobre verso solitário, fútil,
sem serventia, às traças, inútil,
querendo fazer parte do soneto!
Vou guardá-lo escondido na gaveta,
quando estiver de lua, de veneta,
o trarei à luz um dia, lhes prometo!