PRATO RARO

À sombra da amargura, atravessei luares,

contei constelações que a noite persistente

bordava no caminho e estrelas, aos milhares,

velavam meu plangor, o desespero ingente.

Aos poucos, uma luz aniquilou altares,

desabrigou a dor e fez seguir em frente

o coração refém daqueles paladares

provados no banquete, agora indiferente.

A claridade disse às emoções o quanto

é precioso o bem de ter, enfim, a paz

trazida pelo amor, um prato raro e fino.

Depois de padecer, carente de acalanto,

descanso no prazer que teu sorriso traz

e nele quero ver tranquilo o peregrino.