A BOCA DOS POETAS
“Réplica a António José da Silva”
“… A boca dos poetas é pior do que as bocas do mundo!”
Que poeta haverá que se não choque com este libelo?
Ah, depende do sentido (?): se é banal ou profundo…
Pois, pois, mas tais sentenças são um ignóbil flagelo.
E, mesmo tendo em conta as “guerras triviais” –
Sejam elas d´ Alecrim ou até de Manjerona
Que de facto são comuns e deixam seus sinais –
Dispensar-se-ia ao seu mentor tal parangona…
Poeta, prosador ou dramaturgo que se preze
Deverá ser cioso do senso das palavras
Para que o seu real húmus se não deprave
E se não desvalorize, semeando suas chagas.
Todos sabemos que tais guerras proliferam
Nos meandros desta triste e fraca humanidade
Mas são, de facto, os poetas que mais as revelam
Tentando minimizar a sua louca fealdade.
Pela boca dos Poetas jorram as verdades,
Pelas bocas do Mundo sai o cisco e o pó;
Livrai-vos, pensadores de tais banalidades
Sendo dignos duma Fala que não meta dó!
Frassino Machado
In CORAÇÕES ANSIOSOS