Amar
De amar, somente, regem-se os viventes,
de amar e desamar, e amar de novo;
nos ermos do universo achar renovo,
e amar, da noite, os brilhos mais ausentes.
Amar o chão sem flores, sem sementes,
o riso triste e o seco olhar do povo;
do peito inerte içar um sonho novo
e amar sem conta... como os mais dementes!
Amar a vida e o que ela ofereceu
e, além da morte, amar! E, além do breu,
amar as coisas vagas e medrosas.
Amar as incertezas do destino,
amar, na urgência, o beijo vespertino
e amar espinhos como se amam rosas!
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