SONETO SENTADO À MESA
Lembro do dia que sentamos à mesa
E a mesa estendida diante de nós
Testemunhou segredos e confissões
Sobre a cadeira o peso dos anos
Repousou esquecido de si por instantes
Lembro do dia que nos distraímos
Indiferentes às horas passantes
Cada detalhe nos chamava atenção
Cada gesto não escapava à visão
Lembro do dia, incomum, de epifania
Daqueles cravados pra sempre na memória
Os que dividem antes e depois de histórias
Lembro que a vida é, ao fim, lembrança
Que a vida, um dia, sentada à mesa,
Conversou feliz e cheia de esperança