Tarde
É tarde sem atrativos,
sem voz e sem pensamentos,
quando anseios sonolentos
vagueiam no olhar dos vivos.
Choram os sonhos sedentos,
na teia dos próprios crivos,
e eu sinto sons aflitivos
no canto mudo dos ventos
É tarde que assombra o rosto,
gela o peito, amarga a boca,
rendada de nostalgia...
E o verso que me é imposto
pela verve audaz, mas oca
nasce e morre à tarde fria.
Foto: Arquivo pessoal