EPÍGRAFE

EPÍGRAFE

Faço minhas palavras tuas, poeta,

Pois que sentiste tal como me sinto:

Encaro a folha em branco, não desminto,

De coração aflito e mente inquieta.

D’aquilo que minh’alma está repleta

Escrevo após te ler claro e distinto.

Porém, não te penetro o labirinto

Sem encontrar de novo o que me afeta.

Hoje — tanto quanto ontem ou amanhã —

Padeço, hora após hora, o desalento

Que te atravessa todo o pensamento.

E vivo, ou sobrevivo, à dor mal-sã

Comovido p’la só melancolia,

Que me deixaste, poeta, na poesia.

Belo Horizonte - 02 10 2023