O primeiro amor
“Vi-a e não vi-a! Foi num só segundo,
Tal como a brisa ao perpassar na flor;
Mas nesse instante resumi um mundo
De sonhos de ouro e de encantado amor.”
(CASIMIRO DE ABREU)
Eu era então só uma criança quando a vi
Cruzares meu caminho pela vez primeira;
Mas teu palor, tua compleição altaneira,
Teu olhar de águia – nunca os esqueci.
Amei-te tão logo pus meus olhos em ti,
E amar-te jurei por minha vida inteira;
E mesmo anos após aquela vez primeira –
A vez primeira e única em que a vi –
Procuro-te entre a inexpressiva multidão,
Nauta à deriva num Pantalassa de gente,
Sem que a terra me agracie a visão;
Procuro-te no infindável éter da mente,
Tateando como um cego na escuridão
Ansiando (em vão, talvez…) enxergar novamente…