O mestre e o discípulo
(A Ciro Pessoa, 1957–2020)
O DISCÍPULO:
“Não haveremos de ver-nos nunca mais,
Meu caro mestre, a menos que em outra vida?
É inexorável que, tão já, seja rompida
A tênue linha que vos liga aos mortais?”
O MESTRE:
“Pois sim. Deixo, enfim, a Matéria para trás,
Mas não há vida depois desta a ser vivida;
Tampouco é a morte a última despedida
Já que, como sou, um dia o serás.”
O DISCÍPULO:
“Meu caro mestre! Não o posso compreender.
Se existe uma única vida tão somente,
Como após ela seguiremos a ser?”
O MESTRE:
“Tornados ao seio de Gaia finalmente,
Filhos no seio da Mãe a adormecer,
Nos acalenta a boa Terra eternamente…”