Ode à inspiração poética
“O Verso é uma pousada
Aos reis que perdidos vão.
A Estrofe é a púrpura extrema;
Último trono – é o Poema!
Último asilo – a Canção!”
(CASTRO ALVES)
“Whate’er is born of mortal birth
Must be consumed with the earth
To rise from generation free;
Then what have I to do with thee?”
(BLAKE)
Enoja-me tudo aquilo que é mortal;
Odeio tudo que, sob o Sol, nasce, cresce,
Definha, se extingue, e depois se esquece
Como se nunca existira, afinal.
Portanto, que tenho eu contigo? És mortal –
És bela – mas, enfim, a beleza evanesce:
Entra ano e sai ano, ela fenece
E, por pudor, lhe omitirei o teu final.
Só amo àquilo que nos excede, somente;
Amo os segredos da Divina Criação,
Amo o intrincado mecanismo da Mente –
Ao Irreal persigo, à Imaginação;
Pois só uma coisa perdura eternamente,
Tudo e todos morrem – não a INSPIRAÇÃO!