TRILHA DE SONETOS CXIII- DIÁLOGO COM ENGENHEIROS DO HAWAII

🎵🎶*NINGUÉM = NINGUÉM*🎵🎶

(Humberto Gessinger)

Há tantos quadros na parede

Há tantas formas de se ver o mesmo quadro

Há tanta gente pelas ruas

Há tantas ruas e nenhuma é igual a outra

Ninguém é igual a ninguém

Me espanta que tanta gente sinta

(Se é que sente) a mesma indiferença

Há tantos quadros na parede

Há tantas formas de se ver o mesmo quadro

Há palavras que nunca são ditas

Há muitas vozes repetindo a mesma frase

Ninguém é igual a ninguém

Me espanta que tanta gente minta

(Descaradamente) a mesma mentira

Todos iguais, todos iguais

Mas uns mais iguais que os outros

Todos iguais, todos iguais

Mas uns mais iguais que os outros

Todos iguais, todos iguais

Mas uns mais iguais

Há pouca água e muita sede

Uma represa, um apartheid

(A vida seca, os olhos úmidos)

Entre duas pessoas

Entre quatro paredes

Tudo fica claro

Ninguém fica indiferente

Ninguém é igual a ninguém

Me assusta que justamente agora

Todo mundo (tanta gente) tenha ido embora

Todos iguais, todos iguais

Mas uns mais iguais que os outros

Todos iguais, todos iguais

Mas uns mais iguais que os outros

Todos iguais, todos iguais

Mas uns mais iguais, mas uns mais iguais, mas uns mais iguais

Que os outros

O que me encanta é que tanta gente

Sinta (se é que sente) ou

Minta (desesperadamente)

Da mesma forma

Todos iguais, todos iguais

Mas uns mais iguais que os outros

Todos iguais, todos iguais

Mas uns mais iguais que os outros

Todos iguais, todos iguais

Todos iguais, todos iguais

Tão desiguais, tão desiguais

Tão desiguais, tão desiguais

Todos iguais, todos iguais

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*SEMELHANÇAS + SIMETRIAS = DISTINÇÕES*

No espelho igualitário dos humanos,

Revelam-se as ocultas diferenças

Durante os intercâmbios soberanos

Em resultantes crenças e descrenças!

Pelo tropismo temporal dos anos

Renascem os perdões das desavenças,

Setenta vezes sete desenganos

Decorrem pelas dores mais intensas!

Diferem nas posturas e atitudes,

Os seres, entre vícios e virtudes,

Trazendo das jornadas ancestrais

Muitos segredos vivos na bagagem

Que espelham no holograma de viagem

Aspectos seus iguais e desiguais.

Ricardo Camacho

*INDIVÍDUOS*

Cada indivíduo, móvel de uma crença,

Avança para a luz intermitente,

Na consciência grande, a voz presente,

Que ampara, sobretudo, na descrença.

No meio da igualdade, a diferença

Revela o personagem diferente

E a formação de um grupo dissidente

Que antagoniza com a astúcia intensa.

"Todos iguais" até um certo ponto...

Os desiguais também estão no conto

Do gênero versátil, tão mundano,

Que vibra e faz vibrar a grande Terra

Por engrenagens ásperas da guerra,

Cobertas pelo fel do ser humano.

Ricardo Camacho

*TODOS SÃO IGUAIS*

Os homens reproduzem cegamente

Os hábitos, os vícios, a vaidade

Os atos mais hostis de crueldade

E as mesmas aflições de toda gente.

Embora de aparência diferente,

Com falsas ilusões de identidade,

Tais homens só repetem, na verdade,

O velho imaginário decadente.

E assim, a humanidade qual rebanho,

Caminha feito o bicho mais estranho,

Alheio à própia dor e à triste inópia.

Trazendo, enfim, consigo a tal proeza

De ser um animal, por natureza,

Que nasce original e morre cópia!

Rafael Ferreira

*ANTAGONISMOS*

Há tantas vidas caminhando unidas,

tão semelhantes, mas em nada iguais;

algumas boas, outras atrevidas,

fazendo coisas feias, anormais.

Há narrativas para serem lidas

e outras histórias para serem mais,

bem mais que simples lendas, construídas

por mãos benditas, aptas, divinais.

A vida é qual jardim, fragrante e belo,

em cujo altar se ajusta o olhar singelo,

mas encoberta aos olhos do infeliz.

Dentre os florais, a vida expõe espinhos,

destoa cores, traz os desalinhos,

mas nos oferta o dom de ser feliz!

Aila Brito

*CONTÁGIO*

O rastro foi deixado, desde o início!

Porém os homens vivem por ganância,

Plantando neste mundo a intolerância,

E tudo por riqueza, infértil vício...

Quem dera nos restasse um só resquício

Do intuito, Divinal, sem discrepância,

Na terra não pairava o horror, ou ânsia;

A paz seria em nós um doce auspício.

Mas somos diferentes nas condutas

Que é muito além das nossas curvas brutas

Dos traços faciais e corpo físico.

O mar das ambições inunda o mundo,

E o ser humano que se diz profundo,

Contaminou a si, de um modo tísico.

Douglas Alfonso

*DUALIDADES*

Iguais e diferentes entre tantos,

Humanos, apesar da cruz erguida,

Pintando, cada qual a própria vida,

Num quadro de alegrias e de prantos.

Porém, a indiferença e os desencantos

Assistem nesta terra acometida,

E enquanto alguns sorriem na subida,

Os outros choram, sofrem pelos cantos.

Assusta, por exemplo, que a mentira

Com suas largas garras rasgue e fira,

Que mova o mundo cheio de ambições,

E seja, enfim, a voz que mais se escuta,

Ao passo em que a verdade simples, bruta,

Se esconda sobre vários corações.

Guilherme de Freitas

*MUNDO INSANO*

Espanta-me a conduta, a indiferença

da humanidade neste mundo insano,

repleto de egoísmo e desengano...

cheio de hipocrisia e desavença.

Espanta-me o pesar da nuvem densa

que paira sobre o peito leviano

daquele ser carrasco, desumano,

que fere o irmão por mera recompensa.

Há tantas flores enfeitando o mundo,

porém nem todas têm um bom perfume

e se preenchem de letal veneno.

Mais vale o brilho que provém do fundo

da alma bondosa, em cujo cerne assume

um coração tranquilo, leve e pleno.

Aila Brito

*PINÓQUIO ÀS AVESSAS…*

Dos vários belos contos infantis,

Pinóquio foi, decerto, o favorito.

Causava encanto ver o seu nariz

crescer, a cada falso que era dito…

O sonho de Pinóquio? Um tal verniz

tornando esse boneco um ser bonito.

A escola lhe daria a diretriz

polindo as tais ideias em atrito…

A escola o transformou em bom menino.

A escola… que, hoje, vive um desatino…

que implanta uns tais valores, certas crenças,

formando “robozinhos” no pensar;

se humanos somos, há de variar…

Nossa igualdade está nas diferenças!

Elvira Drummond

*A DES(IGUALDADE)*

Os quadros nas paredes seminuas

escondem os trincados que são feios,

mentiras descaradas, vãs e cruas,

acertam suas miras sem rodeios.

A gorda indiferença, em seus passeios,

contempla, em si, as suas próprias luas,

imersa em seus escuros devaneios,

enquanto os mortos caem pelas ruas.

Nós somos tão iguais na hipocrisia

e desiguais nas doses de poder,

são poucos os sapatos no tapete.

Só somos mesmo iguais na teoria,

pois somos desiguais em nosso ser,

são muitos os famintos no banquete!

Luciano Dídimo

*INTERSEÇÕES*

Em parcialidade, a semelhança

Refrata a afinidade e a simpatia,

Na rede que o destino gira e lança

Volvendo quem está em sintonia.

Decerto, os pontos de dessemelhança

Transformam todo um venturoso dia,

Provando os elos tênues da aliança

Que, até então, faziam a alegria.

Ó plumas da igualdade momentânea

De origem natural e simultânea

Que, de repente, expelem os espinhos

Munidos de contrastes, desagrados,

E todos os defeitos deflagrados

Na direção dos múltiplos caminhos.

Ricardo Camacho

*MUTAÇÃO MORAL*

A degenerescência fere os pais,

Posto que, os filhos são, em regra, muito

Inconsequentes... Fogem do circuito

E, com frequência, deles são rivais.

Diferem nas condutas pessoais...

E do varão baniram seu intuito,

Fazem da vida um lupanar gratuito,

Sendo, no cerne, seres desiguais.

Se iguais pudessem ser os bons e os maus

Prescindiríamos de achar os graus

Que determinam suas diferenças,

As quais consistem no indeterminado:

Que não garante ao ser a ser gerado,

Dos genitores, propalar as crenças.

José Rodrigues Filho

*PRETÉRITO DE ESTUDO*

Num reino de aparências, a igualdade

É mera forma sem o conteúdo...

E um dia, o antagonismo nasce, invade

E chega ao coração, que estava mudo.

Eu sei que nada dura a eternidade,

Nem mesmo a vida na matéria, e tudo

Que não incorre mais na afinidade

Recai no meu pretérito de estudo!

Celebro, em versos, toda a diferença

Nas letras da canção que toca, intensa,

Enquanto o tempo... o tempo nunca para!

Reflito sobre o mundo, o seu comando

E ao mesmo tempo o quanto, há tempos, ando

Com meus iguais na "Roda de Samsara".

Ricardo Camacho