Aves paradas

Aves paradas numa tarde que voa

oblíqua madrugada cheia de mãos vazias

silêncio que em meus lábios canta e ressoa

tudo fechado naquilo que dizias!

Tudo parado cheio de dor e espanto

a vida passando num dobrar de engano

na aridez do deserto, num mudo canto,

hora a hora, dia a dia, ano a ano!

E as forças de uma ausência revelada

geraram frutos para as mãos vazias

gemendo sob uma lágrima chorada ...

E a nós, desembarcados, nús ... maldizias:

não somos mais do que aves paradas

na tarde que passa voando de mãos vazias!