SETEMBRO AMARELO
O homem pode pôr fim à sua vida, mas não à sua imortalidade.
Milan Kundera
Setembro vem chegando em amarelo,
Anunciando o frescor da primavera,
O som veludoso de um violoncelo
O breve meditar numa quimera.
Mas há quem com si mesmo trava um duelo
Vivendo em lento compasso de espera
A suspender consigo o seu próprio elo
Pra vencer, por fim, essa odiosa fera.
E assim vai sustentando seu transtorno
Num silêncio soturno e sepulcral,
A cor fugindo sempre do seu entorno
E nada mais se faz belo e especial.
Preciso é descobrir novos contornos
E expulsar de si, enfim, todo esse mal.