SONETO AO QUE PARTE

É sempre triste o dia de nuvem preta

Quando se transfigura em alma aflita

Porque já não há mais a borboleta

Que um dia voou contente e tão bonita

Pois partiu como o brilho do cometa

Deixando a dor exposta numa fita

E agora peço a Deus que se intrometa

Perante uma tristeza cruel que grita

Que parece apertar o coração

E apesar desta dor que tira a voz

Sei que o vento não sussurra em vão

Desfaz a flor e a torna anjo entre nós

E os anjos cá conosco sempre estão

A nos mostrar que não estamos sós