Rio de Medo
E eis que d'um tempo recuado
p'las margens d'um rio de medo
vai boiando o meu passado
em silêncio ... em segredo ...
Vem de longe, nocturno e vago,
passa, acusador, galgando, sem parar ...
Cheio de angustia sigo a nado
mas só me resta suplicar!
A culpa é minha! As mãos caídas,
calosas, doídas, cheias de sonhos
encheram-me o passado de feridas!
Mas amanhã, se o dia for risonho,
não tornarei a definir a vida
porque o passado é áspero e medonho!