Rio de Medo

E eis que d'um tempo recuado

p'las margens d'um rio de medo

vai boiando o meu passado

em silêncio ... em segredo ...

Vem de longe, nocturno e vago,

passa, acusador, galgando, sem parar ...

Cheio de angustia sigo a nado

mas só me resta suplicar!

A culpa é minha! As mãos caídas,

calosas, doídas, cheias de sonhos

encheram-me o passado de feridas!

Mas amanhã, se o dia for risonho,

não tornarei a definir a vida

porque o passado é áspero e medonho!

Ricardo Maria Louro
Enviado por Ricardo Maria Louro em 01/09/2023
Reeditado em 01/09/2023
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