Sombra
Senti, tão de repente, uma alegria,
Que fez tombar meu peito flebilmente:
Qual fosse uma folhinha aurifulgente,
Lançou-se, amortalhado, à luz do dia.
Penou, cantou, chorou, fez poesia,
Acreditou na dor perdidamente...
Não quis margem deixar, foi diligente,
Sofreu, e muito além do que podia!
E, agora, nesta noite, me questiona,
Vivendo a mesma sina ou maratona:
"Quão forte pulsa a dor do verbo amar?"
Não sei, sinceramente, o que dizer...
Mas vejo -- após o dia amanhecer --
Que a minha vive à sombra do luar.
Cachoeirinha, 31 de agosto de 2023.