MÃE ROSA

A mãe Rosa dormiu, quem abre agora,

a casa grande onde a gente sonhou?

Quem arma a rede, quem arruma a cama

e oferece o café de manhãzinha?

Esse tempo que andou, sem que ninguém

houvesse percebido o seu roer

de rosto e ouvido e vista, de cabelos,

levou meu pai e minha mãe, meu filho.

Agora, fecha a casa onde eu podia

amar o meu passado e ter Mãe Rosa

me vigiando mansinho, a solidão.

Quem me recebe agora em minha terra,

a quem eu beijo, quem me dá conselhos,

quem diz - menino, vai dormir, que é hora?

Do livro SONETOS DE AMOR E PASSATEMPO. Salvador: ed. Sol Nascente, 1992, p.15.