O flâneur
Ele vem, sozinho, atravessando a ponte:
Noite adentro, a caminhar celeremente,
Passa – em cada passo seu, um quê de urgente –
Pouco antes de sumir-se no horizonte.
Depois volta – outra vez atravessa a ponte.
O vento bate-lhe nas faces, inclemente,
Mas ignora-o. Segue obstinadamente
E torna a desaparecer no horizonte.
Vira à esquerda – à direita – naquela rua
Aperta o passo – dá meia-volta, a correr –
Por testemunha, só a solitária Lua.
Deixemo-lo a sós! Nada mais há a se ver –
São páginas de um livro que somente a Lua
E as mudas ruas da cidade podem ler…