ASTÚCIA DE JACÓ
Sete anos por Raquel e sete mais por Lia,
de quebra, em cada leito uma franzina escrava,
assim viveu Jacó, e muito bem vivia,
na casa de Labão, de quem pastoreava.
Porque vivia bem e ainda melhor servia,
seis anos mais ficou - e tempo lhe sobrava.
O que era branco e preto a Labão pertencia,
sendo o malhado seu, e o resto que pintava.
Mas, por astúcias tais, que ninguém entendia,
os rebanhos malhava, e pintava, e malhava...
Até branco e preto em pouco não nascia.
Labão, que tudo olhava e já o seu não via,
os rebanhos contava, e contava, e contava...
Era tudo malhado... A Jacó pertencia.
Do livro SONETOS DE AMOR E PASSATEMPO. Salvador: ed. Sol Nascente, 1992, p. 27.