Se acaso eu não acordar amanhã...
Se acaso eu não acordar amanhã,
não tragam flores ao meu túmulo,
tirar-lhes vida seria um verdadeiro cúmulo:
eu peço apenas que avisem minha irmã.
Não tive filhos, nem terei meus netos
a carregarem a alça do caixão
em que se transformou este meu coração
de tanto procurar por ser leal e reto.
Minha família teve história triste
e ainda assim cheguei a viver anos
e a memória ainda teima e insiste,
mas, que dizer de todas as viagens,
se o que ora vai na minha lágrima é a imagem
da impotência frente ao silêncio humano?
TUDO adquire um significado mais forte
quando encaramos dentro dos olhos da morte
e em vão lutamos que não desça o pano...