Solidão
Ó Solidão, tristíssima quimera...
Da tez de pedra, fria e penetrante,
Qual gárgula de rústico semblante
Sentada além da torre escura, austera...
Vulgar estátua mística de fera,
Velando o tédio imenso e dissonante,
Que faz eterno e frágil cada instante
Da angústia que corrói, que dilacera...
Que encobre o céu e o sol evanescente
Nas asas que se alongam lentamente,
Querendo o mundo inteiro devorar...
Que ruge, feito umbrosa criatura:
Gerada num momento de loucura,
Desfeita sob a luz do teu olhar!...