A flor do absurdo

“Oh, flor do Céu! Oh, flor cândida e pura!”

(MACHADO DE ASSIS)

Ouvi falar outrora de flor bela, pura,

Tal qual como nunca dantes contemplaram

E que (de acordo com o que me contaram)

Nos penhascos do Irreal se dependura.

Estulto que sou, como escudeira a Loucura,

Por toda e qualquer plaga que me apontaram,

Por onde tantos outros tolos trilharam,

Da absurda, linda flor saí à procura.

Escorreu-se-me a vida a buscá-la em vão –

E veio, enfim, o anjo da Morte enterrar

Sua espada – fatal, silente – em meu coração.

Coisa estranha…! Jurei que pude vislumbrar

No instante derradeiro, no último clarão,

Minha cara flor dissipando-se com o ar…

Galaktion Eshmakishvili
Enviado por Galaktion Eshmakishvili em 11/08/2023
Reeditado em 15/08/2023
Código do texto: T7859229
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