A flor do absurdo
“Oh, flor do Céu! Oh, flor cândida e pura!”
(MACHADO DE ASSIS)
Ouvi falar outrora de flor bela, pura,
Tal qual como nunca dantes contemplaram
E que (de acordo com o que me contaram)
Nos penhascos do Irreal se dependura.
Estulto que sou, como escudeira a Loucura,
Por toda e qualquer plaga que me apontaram,
Por onde tantos outros tolos trilharam,
Da absurda, linda flor saí à procura.
Escorreu-se-me a vida a buscá-la em vão –
E veio, enfim, o anjo da Morte enterrar
Sua espada – fatal, silente – em meu coração.
Coisa estranha…! Jurei que pude vislumbrar
No instante derradeiro, no último clarão,
Minha cara flor dissipando-se com o ar…