Aflito

Corre-me o tempo. Escapa-me das mãos;

foge de mim depressa por entre os vãos.

Ah, tempo ingrato esse dos tempos atuais.

Volte, tempo! Àquele do tempo dos vitrais!

Tudo é impermanente. Pouco tempo dura.

E de repente, foi-se aquele amor que cura.

Só a espera ainda mantém tempo próprio

que parece não querer chegar até o sóbrio.

O tempo das dores e o tempo dos amores

são tempos marcados por distintos odores;

são tempos, filhos são de outros genitores.

O tempo parece voar tal qual um mosquito

pois perdi-me do tempo em que era bendito;

Só consigo lembrar-me de quanto sou aflito.

René Henrique Götz Licht
Enviado por René Henrique Götz Licht em 09/08/2023
Código do texto: T7857054
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