Aflito
Corre-me o tempo. Escapa-me das mãos;
foge de mim depressa por entre os vãos.
Ah, tempo ingrato esse dos tempos atuais.
Volte, tempo! Àquele do tempo dos vitrais!
Tudo é impermanente. Pouco tempo dura.
E de repente, foi-se aquele amor que cura.
Só a espera ainda mantém tempo próprio
que parece não querer chegar até o sóbrio.
O tempo das dores e o tempo dos amores
são tempos marcados por distintos odores;
são tempos, filhos são de outros genitores.
O tempo parece voar tal qual um mosquito
pois perdi-me do tempo em que era bendito;
Só consigo lembrar-me de quanto sou aflito.