A se stesso

[Escrito no dia em que completo 29 anos]

“Maldita minha mãe, que entre os joelhos

Não soubeste apertar, quando eu nascia,

O meu corpo infantil! Maldita…!”

(ÁLVARES DE AZEVEDO)

Neste dia, meu corpinho pequenino

Há 29 anos mamãe segurou

Pela primeira vez quando me excretou

De suas entranhas – nu, chorão e franzino –

E, sem ninguém para lhe prever meu destino,

Entre seus dois joelhos não me apertou

Ou, na parede, o crânio não me espatifou

Num fugaz lampejo de sensatez e tino.

Agora, a cada ano acercam-se de mim,

Com presentes e “não-sei-quês” a oferecer,

Consolando-me: “Ora! Não é tão mau assim!”

Mas é. Não basta não pedir para nascer

E minha mãe não me dar, quando pôde, um fim;

POETA, dentre tudo, tinha eu que ser…?

(2 de agosto de 2023)

Galaktion Eshmakishvili
Enviado por Galaktion Eshmakishvili em 02/08/2023
Código do texto: T7851678
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