Reviravoltas
Perdoa-me, musa, pelo desrespeito
com que meu verso assujeito
a alterações de ritmo e efeito
mas, se não o faço bem feito,
é porque em mim
ainda que no fim,
ainda há sujeito,
trôpego, sôfrego e sem direito
à harmonia que com que pairas sobre o dia:
redes velozes, vozes violentas
que versam ao mesmo tempo, sobretudo
deixais apavorada a minha prosa
e imperfeita a escansão em meu estudo,
pois há tanta informação no que me ilude
e os gigabytes da memória não dão conta
digitalmente – e assim registram a história:
ora contínua, cabisbaixa e transitória,
ora vórtice de vulcão de verborrágica
confusão, de matemática trágica
numa solitária e mágica
(porque irrisória
sobrevivência nostálgica
enquanto inglória)
quebra de linha
ou reviravolta na página.