Tribo Sem Rosto

Quem sou eu nessa multidão?

É dor, é fome, é nudez, é negro.

Vou me esconder até saber o segredo.

Sem escola, pede esmola, tem religião.

Um verso, diverso sem amor na escuridão.

Tem ginga, tem beleza, tem enredo.

Periferia ou quilombo rodeado de medo.

Canta e chora sua cor na mesma canção.

Cada passo, no espaço é morte e solidão.

Preso na sina, quem assina não morre cedo.

Tem mil e uns me apontando o dedo.

Se eu sobreviver e vencer, é rara ficção.

Por que reclamar, são milhões, breve olhar.

Já fui prematuro, e você, nem me viu passar.