Órfã
No fim da tarde ainda não conheço
a vastidão dos íntimos ruídos
que lanço nestes versos ressentidos,
nas horas de insistência e recomeço.
Não sei se sou a dor, o sonho, o apreço,
a vida, a morte ou horas sem sentidos,
a glória do porvir ou tempos idos...
E entre estranhezas tantas entardeço...
Enquanto o verso grita o seu poder,
em meio às incertezas posso ver
a falsa quietude das saudades.
É quase noite, o dia chega ao fim,
e mais que ver eu sinto, dentro em mim,
brilhar o céu das minhas orfandades!
Foto: Canva