O PARTO
Tem dias que me sinto inquieto,
Sem nada que revele o motivo.
O alimento me sabe repulsivo,
Mesmo aquele prato predileto.
Já desconfio, tenho como certo,
Que o que me torna assim tão depressivo,
Está dentro de mim, parece vivo,
Algo preso querendo ser liberto.
Notei que, enquanto escrevo estas linhas,
Ficou mais calmo, já se aquieta,
Não mais perturba a vida do poeta.
Tal como acontece com a mulher
Quando necessita do obstetra,
Dar vida a um poema me completa.