LOUROS DO PASSADO

Ainda que a negrura me atormente

e eleve, na jornada, a voz do medo,

prossigo fatigado e não concedo,

à gana do inimigo, minha mente.

Mirando o paraíso logo à frente,

supero a hostilidade e meu segredo

é transformar o peito no rochedo

e, a fé, no lumaréu incomplacente.

Se houver plangor durante a travessia,

entendo que a lição me deixa forte

e, para a guerra, mais capacitado.

Se as cicatrizes lembram a agonia

e o sangue transbordado em cada corte,

também revelam louros do passado.